Com o aumento da presença virtual durante a pandemia, uma maior quantidade de informações bancárias, documentos ou números de telefone, entre outros dados, circulam pela internet. Para conseguir acesso a esses materiais particulares dos usuários, criminosos costumam aplicar golpes que vão desde a clonagem de contas em redes sociais até sequestro de arquivos de empresas.
De acordo com projeções divulgadas pelo Laboratório Especializado em Segurança Digital da empresa PSafe, de março a junho de 2020 foram 365 mil vítimas a mais de clonagem de WhatsApp no Brasil do que no mesmo período do ano passado. Já os crimes de phishing bancário, conforme os dados divulgados em pesquisa feita pelo laboratório, cresceram 43% se comparados o primeiro semestre deste ano com os seis primeiros meses de 2019.
Quem se torna vítimas desses criminosos virtuais então encara um transtorno para recuperar essas informações e denunciar o ato. Apresar do trabalho, é necessário. O advogado André Peixoto, presidente da Comissão de Direito da Tecnologia da Informação da OAB Ceará explica como proceder após cair em um crime virtual.
Juntar provas
É essencial para a elucidação do crime que a vítima junte provas, de acordo com o advogado. Apesar de que fazer prints de mensagens e e-mails trocados com os fraudadores seja importante, é necessário também, em alguns casos, a ida a um cartório. Com a certificação da evidência realizada no cartório por meio de uma ata notarial, é possível enviar as provas aos órgãos policiais competentes de forma mais oficial. O Ceará ainda não possui uma delegacia especializada em crimes virtuais, por isso qualquer unidade pode ser procurada por quem precisa fazer a denúncia. “A autoridade pode ter recebido denúncias parecidas de outras pessoas, então ela já tem outras pistas”, diz Peixoto.
Crimes cometidos com seus dados
Além de organizar as provas, a vítima pode procurar um advogado para ajudar na defesa de possíveis crimes que podem ser realizados com os dados roubados. André Peixoto dá o exemplo de empréstimos realizados sem consentimento e a utilização de contas hackeadas para assédio de terceiros. “O advogado pode auxiliar nessa formação de evidências, na entrega dos elementos às autoridades fazendo com que, quando eventualmente for demandado, você possa ter uma proteção jurídica de que não foi você que praticou aqueles atos”.
Como se proteger de golpes virtuais?
“Os grandes problemas que a gente tem com os crimes de informática é que não tem muito o que remediar. Depois que você caiu no golpe, o que deve fazer é se prevenir para não sofrer outro golpe desse e, se sofrer, minimizar os danos”, explica o advogado. Para ele, a pandemia causada pelo coronavírus acelerou a inclusão de diversas pessoas nos meios digitais. Pela falta de experiência e informação sobre como se comportar na internet, elas se tornam vítimas mais facilmente.
É preciso, portanto, procurar entender como criar hábitos seguros nas redes sociais, no armazenamento de arquivos, na instalação de softwares e na construção de senhas. André atenta para o cuidado que os usuários devem ter ao clicar links que venham de mensagens, e-mails ou SMS de desconhecidos. Ele também explica que não é seguro fornecer informações pessoais, mesmo que o remetente seja aparentemente um banco do qual a pessoa é cliente. Outro hábito indicado pelo especialista é apagar fotos de documentos e mensagens que contenham esse tipo de mídia. Criar senhas fortes que incluam números e letras, não utilizar programas pirateados e manter cópias de arquivos importantes em um lugar protegido são outras das dicas.
Os principais tipos de golpe
Golpe do WhatsApp
Os criminosos solicitam o número de resgate da conta da vítima e conseguem ter acesso aos contatos do WhatsApp. Os fraudadores então analisam as conversas e escolhem familiares e amigos para extorquir usando o nome do dono do perfil. Se perceber que a conta foi clonada, é necessário avisar para as pessoas próximas que não enviem quantias em dinheiro ao infrator.
Phishing
É o golpe via SMS ou e-mail. A vítima é levada a entregar informações pessoais como dados de cartão de crédito, CPF e senhas para criminosos sem perceber. Ela faz isso por meio de uma mensagem de texto (SMS) ou e-mail falsos, ou também direcionando a um website falso através de um link, que, em quase todas as vezes, está encurtado.
Sequestro de dados
Conhecido também como vírus de resgate, é um malware que sequestra (criptografa) os seus dados ou o controle do seu sistema, e exige um resgate mediante pagamento. Esse crime tem com frequência empresas como vítimas. Pagar o resgate não garante a devolução das informações. Caso tenha cópia dos arquivos em um lugar seguro, a vítima não deve ceder a chantagem e pagar o valor requerido.